sábado, 25 de setembro de 2010

Hostilio Ramalho Nitão

Sempe tive curiosidade de entender a real origem do meu nome Hostilio, e sempre aliava-o ao do Imperador Tulio Hostilio, no entanto ao me deparar com o trabalho do jornalista Evandro da Nobrega, comecei a descobrir que o nome de meu Pai foi uma homenagem ao Hostilio Gambarra morto pela coluna Prestes em 1926 visto que, meu pai nasce am 1927 em Misericordia(atual Itporanga) ali pelo vale do Piancó, meu Pai Hostílio Ramalho Nitão, filho de João de Souza Lacerda e D.Sinharinha, e mais outros irmãos Antonio Ramalho Nitão, Belmiro Ramalho Nitão, Stela Ramalho Nitão e Edith Ramalho Rosas. agradeço aqui o trabalho do jornalista, que me proporcionou elucidar tal curiosidade. Hostilio Ramalho Nitão Filho.

Hostilio Gambarra final

Especial - Padre Aristides e Hostílio Gambarra (3) Imprimir E-mail
30 de janeiro de 2010
Por ser tema de interpretações inesgotáveis, a "Chacina de Piancó" está sempre apresentando novos ângulos de análise, para historiadores e até leigos 


Com esta terceira página sobre as relações políticas e de amizade entre o padre Aristides Ferreira da Cruz e o distribuidor em Juízo Hostílio Túlio Cavalanti Gambarra, também degolado na Chacina de Piancó, damos por encerrado (pelo menos enquanto não surgirem informações supervenientes) o trabalho de apresentar novos dados ao leitor.
Não poderíamos, no entanto, deixar de apresentar, aqui, algumas fotos relevantes, ligadas ao episódio do sangrento choque entre a Coluna Prestes e os defensores da Vila de Piancó, em 9 de fevereiro de 1926.
Algumas dessas ilustrações foram extraídas da edição de 23 de abril de 1955 da revista O Cruzeiro, graças a um exemplar cuidadosamente guardado pelo jornalista Napoleão Ângelo, editor de Opinião do jornal A União e neto de Hostílio Gambarra. Se não dispomos de nenhuma foto (nem uma mesmo!) do próprio Hostílio é porque todos os seus bens foram queimados por inimigos políticos logo depois da retirada da Coluna Prestes — da mesma forma que ocorreu com a residência do padre Aristides. Esta se viu igualmente incendiada logo depois de os seus pertencesterem alimentado grande e raivosa fogueira na rua. Outras destas fotos pertencem ao domínio público ou integram coleções particulares de descendentes das vítimas.
Há dois erros principais em "análises" de certos autores que pretendem enfocar a chamada Tragédia de Piancó. Um: desconhecerem a História e a realidade local, inclusive em suas peculiariedes políticas do mometo. Outro erro é o de se tomar, de antemão, posicionamento ideológico (pró ou contra a Coluna Prestes, pró ou contra o padre Aristides). Isto não existe no verdadeira espírito da Ciência Histórica. Há que apresentar os fatos, documentadamente, com eles se deram.
Evandro da Nóbrega
ESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR

hostilio Gambarra parte 1

Padre Aristides e Hostílio Gambarra (1) Imprimir E-mail
16 de janeiro de 2010
Ao contrário do que se propalou, combatentes do sacerdote degolado não eram pés-rapados, mas membros de um grupo político de expressão localEvandro da Nóbrega
ESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR
[http://druzz.blogspot.com]
[ druzz@reitoria.ufpb.br]
Sem contar os gibis, o primeiro livro que li foi... Os mártires de Piancó. Era essa a primeira obra a contar em detalhes o lamentável trucidamento do padre Aristides Ferreira da Cruz e mais de 20 outras pessoas, em 1926, por um contingente da Coluna Prestes, de passagem pelos Sertões paraibanos.
Meu pai adquirira o histórico volume em Patos mesmo, diretamente do Autor, o padre Manuel Otaviano. Estávamos em 1954, tinha eu uns 8 anos e foi lá, no livro sobre a "tragédia de Piancó", que por vez primeira me abismei com a ferocidade humana. Foi onde também deduzi, sem olhar no pai-dos-burros, o significado do verbo recrudescer (algo como o tiroteio recrudescia). Talvez por isso nunca tenha abandonado, qual os sertanejos em geral, o interesse pelo mavórtico episódio ocorrido na antiga Vila do Piancó.
Mas vamos ao que interessa. Esta dominical página especial de A União da semana passada — sobre a instrumentalização literária do padre Aristides Ferreira da Cruz (1872-1926) como personagem en passant de dois grandes romances brasileiros (O arquipélago, de Érico Veríssimo, e No coração das perogas, de Domingos Pellegrini), assim como na Literatura de Cordel — veio a despertar mais atenção entre os leitores do que se esperava. Assim, hoje, procura-se apresentar aqui novas informações sobre a sangrenta jornada que o então jovem repórter Praxedes Pitanga chamou de "a hecatombe de Piancó".
Voltemos à fatídica terça-feira, 9 de fevereiro de 1926, quando se deu essa "chacina de Piancó". Entre os que lá se achavam bem armados e municiados, ao lado do padre Aristides Ferreira da Cruz, defendendo a residência-piquete, na Vila piancoense, estava também o distribuidor em Juízo Hostílio Túlio Gambarra.
Quem leu o excelente livro de Domingos Meirelles sobre a Coluna Prestes, intitulado A noite das grandes fogueiras [Editora Record, São Paulo, 1998], há de se lembrar que os defensores do padre são aí apresentados como uns maltrapilhos, pés-rapados, facínoras andrajosos, cangaceiros desdentados e por aí vai. Mas não eram isto, não! — protestam os piancoenses de ontem e de hoje, para quem só o desconhecimento da realidade local permitiria afirmações desse gênero.
Tome-se o caso de Hostílio Túlio Gambarra. Ele também se achava entre os que, de armas em punho, junto ao padre Aristides, defendiam Piancó de algo que achavam ser um "ataque da Coluna Prestes". Ele ali não se encontrava apenas como um mero combatente "sem causa" ou como um wrong man in the wrong place at the wrong time — mais um homem errado no lugar errado e na hora errada.
Além do padre, estavam entre os que pegaram em armas não apenas o prefeito local, João Lacerda Moreira de Oliveira, e seu filho, o comerciante Osvaldo Lacerda Moreira de Oliveira, mas também o já citado Hostílio Túlio Gambarra, benquisto serventuário da Justiça; um escrivão do distrito de Aguiar, Manoel Clementino de Sousa; um escrivão da Coletoria Federal em Piancó, Antônio Clementino de Sousa (filho do anterior); e outras pessoas de destaque local.
Maltrapilhos, não — correligionários
Enxergar os defensores de Piancó apenas como matutos andrajosos sem eira nem beira constitui, no mínimo, lamentável amostra dos preconceitos alimentados por muitos sulistas contra os nordestinos.
Além do mais, o auxílio de Hostílio e dos demais combatentes ao padre Aristides representava gesto político. Eles formavam significativa parcela do grupo partidário que apoiava localmente o sacerdote, inclusive elegendo-o duas vezes deputado estadual. Também localmente combatiam a família Leite, cujo maior representante no Distrito Federal de então (a Capital da República, no Rio de Janeiro) era o deputado federal Felizardo Toscano Leite. Mas não devem admirar-se os leitores se, entre os que tombaram ao lado do padre, estivessem pelo menos dois de sobrenome Leite — esses eram de uma dissidência política da família.
Em tempo: esse mesmo Hostílio Túlio Gambarra — que não se perca pelo pomposamente duplo prenome romano, bem ao gosto do bacharelismo então ainda mais vigente no Brasil do que hoje — vem a ser avô materno do jornalista José Napoleão Ângelo. Napoleão é editor de Opinião do jornal A União e primo do jornalista e professor Orlando Ângelo, este radicado em Campina Grande.
O colega de Imprensa Napoleão Ângelo, aliás, é o jornalista de A União que recebeu esta página por e-mail, por nós enviada, e que a preparou, com seus companheiros de Redação, para que, depois de passar pelo crivo do Editor-Geral Sílvio Osias, pudesse circular bem arrumadinha, hoje, nesta edição dominical do jornal oficial do Estado da Paraíba.
Nesse quixotesco enfrentamento do padre Aristides com um relativamente pequeno grupo da Coluna Prestes, Hostílio ficou bem ao lado do padre Aristides simplesmente porque era amigo, correligionário e eleito do sacerdote. Como os demais companheiros do padre Aristides, que igualmente permaneceram na Vila de Piancó para o ajudar naquele transe, não tinha razões ou informações suficientes para alimentar simpatias ou antipatias por Prestes e por seus homens.
Vivendo nos confins dos Sertões paraibanos, Gambarra — como a esmagadora maioria dos brasileiros da época — não podia entender direito o que queriam realmente os revolucionários comandados por Luís Carlos Prestes, Miguel Costa, Siqueira Campos, Juarez Távora, João Alberto Lins de Barros, Osvaldo Cordeiro de Farias, Djalma Dutra,  Ari  Salgado Freire et alii. Alguns desses eram realmente autênticos idealistas, patriotas, reformistas. Outros, nem tanto, como fatos posteriores demonstrariam.
Segundo José Napoleão Ângelo, a História esqueceu de dizer que, depois do trucidamento do padre Aristides e já estando longe os homens da Coluna Prestes, a residência-bunker do sacerdote foi saqueada por inimigos políticos, jogando-se seus pertences numa fogueira. E a mesma coisa aconteceu com a casa e outros bens de seu amigo, partidário e companheiro do fatídico combate, Hostílio Túlio Gambarra.
Sobrado do sacerdote ardeu e fumaçou por dias, com o calor do incêndio derretendo as rapaduras
Gambarra devia sentir o que os demais sentiam: medo ante a aproximação da Coluna Prestes. No Nordeste, ocorria da mesma forma que noutras partes do Brasil: a Coluna ora era recepcionada com gritos de "viva!" e banquetes, ora era simplesmente recebida à bala mesmo, ao estilo da lei-de-chico-de-brito.
Isto dependia da localidade, da situação política do Estado, das relações dos habitantes com os esquemas locais de Poder. Medo todo mundo tinha. Mas havia alguns que transformavam o medo em coragem e até bravura, fosse para o bem, fosse para o mal, de modo que pegavam em armas e iam enfrentar a desconhecida fortuna: matar ou morrer; ferir ou ser ferido; dar adeus à vida ou escapar para contar a história.
Piancoense da gema, o jornalista Napoleão Ângelo, neto de Hostílio Gambarra, terminou aluno de Joanita Ferreira, filha do padre Aristides com sua mulher Maria José (Quita). Isto ocorreu no Grupo Escolar "Adhemar Leite". Localizado no centro de Piancó, esse estabelecimento de Ensino tem mais de 75 anos de existência. Por ironia do destino, tal foi erguido sobre as ruínas do antigo sobrado do padre Aristides, prédio que ardeu e/ou fumaçou por dias, até que o calor do fogaréu consumisse as últimas rapaduras ali armazenadas.
O padre Aristides conhecera sua futura mulher, a então ainda adolescente Maria José (Quita), no coro da igreja local. Visitara-a frequentemente na casa dos pais, na localidade Água Branca. Mas, com o falatório surgido e depois de afastado das ordens religiosas, o padre mandara raptá-la, passando a viver abertamente com ela. Além de Joanita, o padre teve com Quita três outros filhos: 1) Jorge, que, aborrecido com os adversários políticos e não apenas com os fatos ligados à Coluna Prestes, depois se fixaria no Sudeste, jamais retornando à Paraíba e vindo a falecer há alguns anos em Botucatu (SP); 2) Sebastião; e 3) Aristides Ferreira da Cruz Filho.
Foi por causa desse relacionamento marital com Quita que o então bispo da Paraíba, dom Adauto, alertado pelo deputado federal Felizardo Toscano Leite, suspendera em 1912 as ordens do padre. Diz-se que, num desabafo posterior à punição, Aristides teria dito, ao assumir abertamente o relacionamento com a namorada: "O Bispo errou e me fez errar".
Joanita, falecida em 2008, deu algumas entrevistas sobre o trágico acontecimento. Firmou seu nome como professora local, ao lado de outras destacadas mestras: Loura Lopes, Terezinha Lacerda, Chiquinha Freire, Dezinha Barreiro, Janete Lopes, Aracy Leite, Ernestina e demais devotadas formadoras de gerações de vale-piancoenses.

Hostilio Gambarra parte 2

23 de janeiro de 2010
Com informações contraditórias sobre o poder de fogo da Coluna Prestes, o padre Aristides avaliou mal as chances de vitória dos defensores de Piancóa. Divisão Revolucionária da Coluna Prestes estavam provisoriamente arranchados em Coremas e proximidades de Piancó. E só pequeno grupo de homens do Destacamento Cordeiro de Farias entrou na Vila de Piancó, ante a visão de bandeiras brancas espalhadas pelos caminhos e nos telhados de algumas casas. Esse pequeno grupo, liderado pelo capitão Pretinho, querido entre os revolucionários, ingressava na Vila pela rua do Conselho Municipal, quando foi alvejado a partir do piquete do sargento Manuel Arruda.
Evandro da NóbregaESCRITOR, JORNALISTA, EDITOR
[http://druzz.blogspot.com]
[ druzz@reitoria.ufpb.br]


Tantas são as informações (antigas e novas) sobre o episódio sangrento dos "mártires de Piancó" que se fez necessário elaborar esta segunda página em torno do distribuidor em Juízo Hostílio Túlio Calvacanti Gambarra. E ainda virá uma terceira e última página!
Hostílio foi um dos um dos mais de 20 piancoenses selvagemente mortos na terça-feira, 9 de fevereiro de 1926. Era amigo e correligionário político do padre Aristides Ferreira da Cruz (1872-1926), que liderou a defesa da Vila de Piancó, contra o que se julgava ser um ataque da Coluna Prestes. A Coluna apenas vinha do Ceará/Rio do Rio Grande do Norte e, tendo alcançado Coremas/Vale do Piancó, queria seguir para Patos, a Capital paraibana e/ou Pernambuco.
Destacamentos da 1
Os tiros feriram mortalmente o capitão e mataram seu cavalo, além de ferirem/ matarem uns quatro ou cinco outros coluneiros. O grupo retirou-se às pressas da Vila, mas voltou, uns 20 minutos depois, altamente reforçado por outros homens do Destacamento Cordeiro de Farias, aos quais logo se juntaram muitos do Destacamento Djalma Dutra. A ordem era arrasar a Vila, que tão violentamente recebera o grupo avançado da Coluna. Os homens de Prestes acreditavam haver sido vítimas de traição ou cilada: apesar das bandeiras brancas, tinham sido recebidos à bala.
Os que estavam com o padre Aristides num dos quatro piquetes da Vila não eram maltrapilhos ou andrajosos como alguns pensam — mas lideranças políticas de Piancó, com seus homens de confiança, todos fortemente armados. Como só depois (e fatalmente muito tarde) ficaria claro, não eram páreo para o "exército", numericamente bem superior, dos Destacamentos da Primeira Divisão Revolucionária.
Não por acaso Aristides estava à frente da defesa da Vila. Era partidário do ex-presidente da República Epitácio Pessoa. Em 1922, Epitácio determinara (com emprego da Polícia e, se preciso fosse, do Exército) a recondução do padre à chefia política de Piancó. Aristides (suspenso das ordens religiosas pelo bispo Dom Adauto desde 1912) fora expulso da cidade por partidários da família Leite, após tiroteio de 26 horas.
Resistindo na Vila o padre também atendia a apelo telegráfico do presidente paraibano João Suassuna no sentido de obstar a passagem da Coluna Prestes por Piancó. E, além disso, tentava mostrar que era realmente o chefe político da Vila, embora estivesse redondamente enganado quanto à Coluna estar faminta, sem munição e caindo pelas tabelas.
Para Praxedes, foi uma "hecatombe" 
Amigos tentaram dissuadir o padre Aristides: não devia enfrentar a Coluna, que, ao contrário do que inicialmente se supunha, chegara ao Vale do Piancó altamente municiada e fortalecida. Eram uns 1 mil 500 homens embalados! Disseram-lhe também: saia da cidade com a família, que a gente se encarrega de enfrentar a Coluna. Mas o padre teimou em permanecer. Afinal, onde estava seu brio?!
Tomada a decisão, ficaram a seu lado o distribuidor em Juízo Hostílio Túlio Gambarra, benquisto em toda a região, e vários outros correligionários políticos. Uma das 23 vítimas piancoenses do destino, naquele pavoroso dia, Hostílio era casado com Gualterina Gervásio de Sousa Cavalcanti [foto ao lado] e deixou os filhos: 1) Anita Cavalcanti (Ângelo) Gambarra; 2) Antônia Cavalcanti (Ângelo) Gambarra (Dona Tonhita, mãe do jornalista José Napoleão Ângelo); 3) Gualterina Cila Cavalcanti (Nunes) Gambarra; e 4) e Dagmar Cavalcanti (Nitão) Gambarra.
Uma das filhas de Hostílio, Antônia Cavalcanti Gambarra, casou-se com Napoleão Ângelo da Silva, tendo os seguintes filhos: a) Telma Rosicléa Ângelo Cavalcanti; b) João de Deus Ângelo; c) Luzia Aparecida Cavalcanti; d) Rosa Cléia Ângelo Cavalcanti; e o já referido jornalista Napoleão Ângelo. Como mostrou a revista O Cruzeiro de 23 de abril de 1955, quem se responsabilzou pela guarda das filhas de Hostílio Gambarra foi o coletor e Inácio Liberalino de Sousa. A longa reportagem é assinada por A. Monteiro e intitula-se "O Padre Sangrado".
O jornalista Napoleão Ângelo guarda um exemplar desse número da então maior revista semanal brasileira, que apresenta outras fotos de interesse: a casa em que o padre Aristides se entrincheirou com Hostílio e os demais correligionários (a mesma casa-forrtaleza em que resistira ao ataque dos inimigos políticos locais); o professor Conrado, de Piancó; a mulher do padre, Dona Quita; o próprio padre Aristides. Mas não existem fotos de Hostílio — elas foram destruídas pelo saque e incêndio promovidos por seus inimigos políticos, depois que a Coluna Prestes já havia ido embora.
Muito antes de a Imprensa, os poetas de bancada/cordel, e o padre Manuel Otaviano escreverem sobre os "mártires de Piancó", o então muito jovem repórter Praxedes Pitanga já tocara irada e candentemente no assunto. Isto ocorreu pouco dias depois da tragédia, como o historiador Deusdedit Leitão mostrou há alguns anos em artigo escrito para esta mesma A União.
Praxedes trabalhava então para um pequeno jornal (no estilo A Voz do Sertão ou Letras do Sertão e que circulava apenas no Vale do Piancó) e publicou matéria ilustrada, em tom da mais alta indignação contra a Coluna Prestes, revelando detalhes da "hecatombe de Piancó".
Foi essa, possivelmente, a primeira informação aparecida, sob letra de forma, na Imprensa paraibana, a respeito dos lamentáveis eventos no Piancó. Era o sangrento choque de duas visões diferentes do que deveria ser o Brasil e seu futuro.
A maioria degolada, morreram 23 piancoenses, contra uns 40 revolucionários da Coluna Presteso Prefeito local João Lacerda Moreira de Oliveira; seu filho Osvaldo Lacerda Moreira de Oliveira, comerciante; o também comerciante José Ferreira da Cruz (sobrinho do padre Aristides); os agricultores Joaquim Ferreira da Silva, Antônio Leopoldo, José e João Lourenço; outro agricultor e ex-praça da Polícia, Jovino Raimundo (conhecido por Quelé, diminutivo de Clementino); o guarda municipal Rufino Soares; Eloy e Joaquim Severino Leite (pai e fiho); Manoel Severino Leite; José Severino Leite; Antônio Cristóvão; Manoel Clementino de Sousa (escrivão do distrito de Aguiar); um filho deste, Antônio Clementino de Sousa (escrivão da Coletoria Federal em Piancó); João Ferreira; Antônio Custódio; o motorista Severino Rocha da Silva; o (ex-)detento Severino Guarabira; e Vicente Mororó. Em contrapartida, tombaram mortos na Vila de Piancó cerca de 40 homens da Coluna Prestes, aí enterrados no dia seguinte, por seus camaradas revolucionários.
Segundo listas apresentadas por historiadores — de Praxedes Pitanga e o padre Manuel Otaviano (Os mártires de Piancó), até Franciraldo Loureiro Lopes (Memorial das Familias Pereira Cavalcanti e Lopes Loureiro) —, foram mortas, na tragédia da terça-feira, 9 de fevereiro de 1926, além do padre Aristides e Hostílio Túlio Gambarra, as seguintes pessoas, num total de 23:

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Das filhas de Hostílio, uma remanesce, em plena lucidez: Dagmar Gambarra, irmã de Dona Antônia Cavalcanti Gambarra e, portanto, tia de Napoleão Ângelo. Dagmar é viúva de Pedro Ventura Nitão, o Primênio que fazia as delícias dos contadores (e ouvidores) de histórias da Paraíba antiga, quando o Ponto de Cem-Réis, no centro da Capital, ainda era o ponto de encontro dos pessoenses, seu tambor de repercussão, sua tribuna, sua ágora política.
Primênio faleceu em 2007, em Brasília (DF), onde ultimamente residia. Em João Pessoa, para quem se lembra, ele foi tesoureiro dos Correios e Telégrafos. Tinha aguçada presença de espírito. Certa vez, num dos bares que costumava frequentar nos bairros de Jaguaribe e Tambaú, estava em grande roda de amigos, quando o grupo foi abordado por um pressuroso garoto de recados:
— Quem é aqui "seu" Pedro Ventura, dos Correios?
— Sou eu, menino — respondeu Primênio, de pronto — Por quê?
— Mandaram chamar o Sr. Tem um homem importante dos Correios procurando o Sr. na Agência Central!
Sem alterar-se, Primênio entregou ao menino uma cédula (hoje correspondente a uns 10 reais) e lhe disse:
— Tome, esse dinheiro é seu. Mas não diga a ninguém que me viu, tá bem?!
[Leia a terceira e última parte no próximo domingo]

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