sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O TURISTA ACIDENTAL Por alberto ramos

Achei este texto uma perola e, não me contive em postar neste espaço
Hostilio
O turista acidental V - concordando com Arnaldo Jabor ou esta gentinha precisa ficar no seu lugar
Alberto Ramos
Em artigos anteriores já comentei como sou, por definição, um Turista Acidental. Explico com detalhes no primeiro artigo desta série (O TURISTA ACIDENTAL I – O ASILADO E A POLICIA FEDERAL)

Há poucos dias fui mais uma vez turista acidental ao viajar para o congresso europeu de diabetes.

Sinceramente, nunca tinha passado por tantos desconfortos como passei nesta viagem.

Viajei pela TAP e apesar da boa alimentação e da cortesia da tripulação (da ida) ficamos extremamente desconfortáveis naquela lata de sardinha. E não é qualquer lata. É daquelas que não tem lugar nem para o óleo.

Ao chegar a Lisboa fomos para a fila do passaporte. Perguntei ao não tão gentil funcionário se nós que estávamos apenas em trânsito para outro país, precisávamos enfrentar aquela quilométrica fila. Ele informou que, como Lisboa era a porta de entrada para a comunidade europeia, todos teriam que ficar na fila. Argumentei ainda que já que todos passavam pelo controle de passaportes seria mais inteligente que, ao invés de apenas um funcionário para atender todos os passageiros de três aviões que estavam chegando do Brasil (Salvador, Recife e Fortaleza), fossem disponibilizados mais funcionários. Afinal de contas, Portugal sendo a porta de entrada da Europa, deveria incentivar os turistas a não apenas passar por lá e sim demorar alguns dias para conhecer as inúmeras belezas do país.

Ele não se dignou a responder e todos gramamos em torno de duas horas e meia de fila, o que não foi nada agradável após oito horas de voo.

Na volta a história foi menos sofrida e mais espantosa.

Naquela conversa inicial que o comandante tem com os passageiros ele informou que poderíamos escolher entre quatro bons filmes, de categorias diferentes (ação, drama, infantil, etc.). Cerca de vinte minutos após o início do voo as comissárias nos distribuíram os fones de ouvidos para que pudéssemos assistir aos filmes. Para minha surpresa, todos os filmes já estavam em andamento. Chamei a moça e perguntei como fazer para assistir o filme do início. Ela disse que não tinha como. Disse-me que na hora em que o comandante falou conosco deu início aos filmes. Argumentei que filme pela metade era incompatível com os bons costumes (cinéfilos). Ela me disse: “mas senhor, faz apenas 20 minutos que começou!!!”.

Ainda tive vontade de perguntar se ela e o comandante eram portugueses. Porém resolvi não fazer esta piada óbvia e sem graça.

Mas o que mais me incomodou foi outra coisa.

Há algumas semanas li uma coluna de Arnaldo Jabor sobre como caiu o nível das pessoas que frequentam os aeroportos do Brasil. Nessa crônica, o ínclito colunista mostrou-se escandalizado de como as pessoas se vestiam mal, se portavam mal, falando alto e dando gargalhadas extemporâneas. Cometiam gafes imperdoáveis nos aviões ao não saber a diferença entre um cabernet e um pinot. Não sabiam que talheres usar. Não colocavam os guardanapos no colo. Alguns penduravam ao pescoço.

Em suma, um verdadeiro suplício para os bens nascidos que tinham que conviver com esta patuléia que ascendeu de classe neste governo populista.

Quando li esta crônica confesso que achei um pouco de exagero.

Mas agora, ao sentir na pele o que é conviver com esta “gentinha”, passei a achar que Arnaldo Jabor é o nosso profeta e José Serra é o único deus dos que tem bom gosto e que não querem se misturar com todo tipo de gente.

Alguém pode perguntar: porque José Serra?

Respondo eu: ele é a única esperança que temos nós os esnobes, preconceituosos, racistas, segregacionistas e aqui para nós, nazistas e fascistas. Só ele pode derrotar Dilma, a criatura da besta fera que permitiu o acesso desta gentinha a estes “luxos”.

Temos que nos libertar dos grilhões deste tal de discurso politicamente correto e dar nomes aos bois. Ou sendo mais finos, nomeando os bovinos. Nós não queremos e não podemos conviver com este povo do andar de baixo.

Não é possível conviver com esta galera! Eles são deploráveis.

Bom era no tempo da ditadura e de FHC onde esta gentinha conhecia o seu lugar.

Agora não. Todo mundo se acha igual!

Disgusting!

A única forma de evitar isto é votar contra a candidata da besta fera que permitiu que a galera de baixo tivesse acesso ao que antes só nós desfrutávamos.

Proponho fazer uma corrente em todos os meios de comunicação, usando todos os meios necessários. Do Índio da Costa que quer acabar com o Prouni (para que pobre em universidades?), passando pelos que querem acabar com os programas de inclusão e até usando aquele pastor Malafaia que pode até ser um canalha para arrecadar dinheiro dos bestas, mas está do nosso lado.

E vamos conclamar outros com o mesmo nível moral deles. São muitos.

Além disto, vamos cada vez mais publicar mentiras sobre a besta fera e a sua pupila. Vale tudo. Lembrem-se que está em jogo a nossa exclusividade em voos internacionais já que nos nacionais a plebe ignara já tomou conta.

Um detalhe que ocasionou um conflito no meu parco juízo.

Como o voo atrasou em Lisboa tive oportunidade de conversar com alguns dos “pobres”.

Algumas histórias eram interessantes:

Um grupo familiar de três irmãos e uma mãe me disse que eles visitaram uma irmã que mora há oito anos em Portugal. Que pela primeira vez, ao invés de estarem recebendo a visita da parenta rica que mora na Europa, eles estavam indo a Europa, vendo como a irmã vivia, conhecendo um mundo novo e, o mais importante, se sentindo tão dignas quanto a irmã que lá mora.

A mãe chorava de emoção.

Achei comovente.

Outro grupo com quem conversei era formado por quatro casais de terceira idade sendo que três das mulheres e um dos homens eram professores de história aposentados. Que nunca tinham tido a oportunidade de fazer uma viagem internacional. No entanto, com a melhoria dos proventos dos aposentados tinham pela primeira vez, visitado alguns dos sítios históricos que tinham ensinado durante toda a sua vida acadêmica aos seus alunos e que nunca tinham tido a oportunidade de visitar.

Lembrei-me da minha mãe, professora de história (excelente professora) que morreu sem ter a oportunidade de visitar estes sítios e fatos históricos que ela descrevia tão bem.

Nesta hora eu balancei.

E resolvi mandar o Nosferatu José Serra e seus apaniguados incluindo AMARGO JABOR e todos os imbecis que defendem estas ideias fascistas para (com licença do palavrão) para a puta que os pariu!

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